A pobreza tornou-se aceite em Portugal. A maioria aprende a poupar a partir do momento em que aprende a contar. Mas será que tem de ser assim? Porque é que o dinheiro (ou a falta dele) nos dá tanta dor de cabeça? Tantas contas à vida sem nunca se realmente viver...
A desculpa que "sempre houve pobreza" já não pega e quem o defende ainda não sentiu na pele as consequência de tal aceitação. Ser-se pobre tornou-se aceite desde que sejam "os outros". É um vírus silêncioso caracterizado pelo medo de ser-se o próximo numa situação de desespero. Mas será que já não chegámos a esse ponto? Assistir-se à decadência humana nos outros e aceitar-se tal separação é a decadência da humanidade.
É a moda da sobrevivência que dá espaço à preguiça de se mudar. Sonhar com um euromilhões que nunca virá lembra o coitado do D. Sebastião que provavelmente teve medo de voltar - tamanha responsabilidade numa só pessoa que nunca escolheu ser rei.
E será que se escolhe ser pobre? É claro que não. E não me venham dizer que a pobreza é relativa. Olhemos para a situação em senso comum. Ninguém precisa de um Ferrari para viver, mas sem uma boa alimentação a força será escassa; sem uma boa casa o corpo não aguenta; sem uma boa educação não há confiança; sem bons cuidados de saúde ninguém vai longe.
Ontem conheci o Sr. Pedro em Sete Rios. Uma pessoa amável e cativante. Anos de trabalho em África não reconhecidos em Portugal. A falta de emprego e a acumulação de problemas levam-no a pedir dinheiro aos seus co-cidadãos. O Sistema de Igualdade Monetária seria uma responsabilidade humana, como confirmou o Sr. Pedro. Nascer-se com a certeza de se bem-viver. "Qualquer dia vemos pessoas de fato e gravata a pedir" lembra o Sr. Pedro a conversa que teve com uma senhora que logo o corrigiu, dizendo: "mas esses quando precisam roubam logo".
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