Gaivotas. Eco dos saltos altos. Gaivotas!
Olhei para cima; vi o tronco e as asas. As duas gaivotas falavam por todos nós, portáteis silenciosos levados pelos sapatos.
Sorri para cima e pensei no que será que as gaivotas vêm. Voar sem o peso de uma mala! Por momentos desejei voar. E nem sequer me questionei. É normalíssimo querer voar apesar de não ter asas – não é assim que somos todos educados? A desejar o que não temos. Especialmente, a desejar algo que provavelmente não faria grande diferença na minha vida actual – ou é preciso voarmos para nos expressarmos? Será que precisamos de voar para olharmos nos olhos dos iguais a nós? E se voarmos será que percebemos o que se passa no mundo? É fácil e confortável imaginar que tudo seria mais fácil se voasse. Mas espera lá!
Porque é que eu me comparo às gaivotas? Porque não simplesmente olhar para as gaivotas. Observar as gaivotas sem mim, mas sendo eu. A respirar. E não serei eu as gaivotas? As minhas asas têm outra forma e o peso da mala será somente aquilo que eu permito levar comigo.
Íncrível, a mente humana funciona como um espelho. Um espelho que cega.
Ao estar sempre a pensar em mim, deixei passar o momento de estar com as gaivotas… Eu sou um e igual com a ave. Não há nada a pensar: as gaivotas estão a voar. E eu estou Aqui. Eu observo as gaivotas: eu mantenho-me aqui, nesta realidade com a gaivota. A expressão da gaivota. A vida é Aqui. O mundo estava a passar-me ao lado!
Apenas tenho de andar e Ser aqui… andar estas palavras e pôr a mente no modo silencioso.
Ouvi este vídeo da Sunette hoje, depois do episódio com as duas gaivotas. É simples-mente fascinante…
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